O pulgueiro: capítulo 6

Estação Liberdade do metro, por volta de 0:45...

"Que Deus proteja meus passos!"
Foi o que eu pensei logo que sai da estação.

E lá vou eu! Mais uma vez a caminho do hotel, bêbado, com sono, com fome, com sede e principalmente, com o cu na mão! Não me julguem por isso, é amedrontador caminhar no centro da cidade de São Paulo este horário!

Mais uma vez vos pouparei de maiores detalhes sobre o caminhar que me levou da estação Liberdade até o belo hotel! Mas é importante colocar que eu não tive problema algum na trajetória! E olha que eu sou bom em ser assaltado! Ainda falarei sobre esta questão em futuros posts neste mesmo blog!

Ruas muito bem iluminadas, policiamento, movimento noturno! Foi uma ótima surpresa a vida noturna da Liberdade! Enfim estou fazendo comentários positivos sobre o bairro! O que é justo! Afinal, até agora só meti o pau!

O portão de entrada do hotel era todo de vidro, do lado de dentro, via-se a recepção vazia.

"Não me disseram nada sobre restrição de horários de chegada!"

Pensamento que me motivou a bater no portão.

"O recepcionista deve estar no banheiro!"

A força aplicada por mim no portão aumentava linearmente com o tempo. Passados 20 minutos o vidro estava tendo que resistir a alguns socos e pontapés:

- Puta que o pariu!!! Vai ter azar assim la na casa do caralho... Vou ter que dormir na rua, porra!!!

Pensei em voz alta, alias, bem alta! Eu sou assim mesmo, quando não há nenhum ser ameaçador por perto eu fico macho!

Ouvi sirenes ao longe que se aproximavam... e se aproximavam... e se aproximavam... e estavam se aproximando... já no meu campo de visão estavam os carros... e de repente, pneus cantando... e policiais saindo dos carros... e apontando suas armas e gritando:

- Mão na cabeça caralho!

E eu só observando... e eles se aproximando... e mais...

- É com você mesmo rapa, mãos na cabeça!

"Comigo!"

- Encosta na parede porra...

E tome tapa na cabeça:

- O que foi que eu fiz?
Imaginem uma voz tremula...

Não houve resposta a minha pergunta.

- O que você queria ai dentro do hotel?

- Eu sou hospede do hotel!
A mesma voz assustada! Pelo menos, desta vez a voz estava saindo!

- Hospede de cu é rola rapa? Zé, aperta a campainha ai, vamos ver se o cara é hóspede mesmo!

"Campainha?"

- Onde tem campainha?

- Você é analfabeto?

No canto superior esquerdo do portão havia o seguinte aviso:

"Pós 0:00, favor tocar a campainha"
Com um puta botão vermelho logo abaixo!

"Mula!"
Foi o que eu pensei sobre mim mesmo naquele momento.

Em menos de 30 segundos surge um funcionário do hotel junto com um menino! Ele exitou em abrir a porta, mas o fez assim que percebeu que era a polícia.

A esta altura os hóspedes do hotel começaram a observar todo o ocorrido pela janela de seus quartos e alguns desceram para observar de perto a desgraça alheia! O policial perguntou ao recepcionista noturno:

- Esse rapaz disse que esta hospedado no hotel. Confere a informação?

- Eu não vi ele aqui não! Não esta não senhor!

Eu tive que intervir:

- Senhor, eu cheguei no período da tarde de hoje e logo sai, por isso o senhor não me viu!

O moleque que acompanhava o funcionário do hotel gritou:

- Prende ele!

Comemtário seguido de uma risada sinistra! O funcionário interrompe o moleque:

- Cala a boca Pedro! Um momento que eu vou dar uma olhadinha! Qual o nome do senhor?

- César ##### ####.

Dois minutos depois ele confirmou aos policiais que eu era hóspede do hotel! Agora, de forma menos enfática, policial me perguntou:

- O que te levou a bater no portão desta forma rapaz?

- Eu queria que alguém abrisse a porta pra mim, só isso! Não tinha visto o aviso da campainha!

- Esta na hora de começar a pensar em ir ao oftalmologista meu rapaz!

Levei mais algumas broncas e logo fui liberado. Assim que adentrei o saguão o recepcionista disse:

- Desculpa moço, mas tive que acionar a polícia, achei que você iria quebrar a porta do hotel!

Na verdade EU que deveria pedir desculpas por não tocar a campainha!

- Esta tudo bem, só quero dormir agora!

É gente, este conto não acaba mesmo!!! Nem vou falar mais nada... Vou escrevendo, hora acaba... Prestaram atenção neste moleque! Ele sim, fará com que eu tenha os momentos mais terríveis desde que cheguei em São Paulo... É isso meus queridos... Até o sétimo capítulo!