terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O Pulgueiro: capítulo 3

Do lado direito CDs, DVDs, cigarros, óculos, guarda-chuvas... Opa! Guarda-chuva por 5 conto!

"É meu!"
Certamente choveria aquele dia!

Do lado esquerdo, mais cigarros, CDs, DVDs, guarda-chuvas e ainda roupas e mata-moscas elétrico. Conceito interessante para se matar mosquitos e baratas! Ah sim, do lado esquerdo também tinha uma banquinha de apostas, um cara, uma mesinha, 3 copinhos, uma bolinha preta e alguns falsos apostadores nos arredores. Aposta mínima: R$ 20,00... Tem gente que ainda cai nesse golpe! Merece né?!

Por fim, no meio deste mercado livre, um corredor com menos de 0,80m para os transeuntes.

E anda... e tromba... e pede desculpa... e pede licença... e pará... e continua parado... E desiste de andar... e compra um DVD, já que eu tô parado mesmo! E tenta andar mais... E assiste um batedor de carteira tentando entrar em ação! E assiste o coitado tomando uma guardachuvada na cara! E assim se faz um agradável caminhar pelas calçadas da Liberdade.

Enfim cheguei no endereço do cartão! A fachada até que não é tão ruim, se assemelha bastante a um hotel. Entrei sem muitos receios.

O saguão de entrada me impressionou. Do lado direito sofás, até que bem cuidados, do lado esquerdo uma recepção, com um detalhe importante, uma moça uniformizada!

"Tô no paraíso!"
Pra quem tinha o inferno como padrão, aquilo era realmente o paraíso!

Direciono-me todo feliz à recepcionista, que à propósito era feia, mas estava uniformizada, isso da credibilidade ao local:

- Vocês tem quartos disponíveis?

- Hã?!

Foi a resposta dela! Eu repeti de forma enfática a pergunta:

- Vocês tem quartos disponíveis?

Agora sim ela responde:

- Ah! Desculpe, não trabalho aqui!

"Então o que você está fazendo na recepção?!"
Pensei.

E ela aparentemente leu meus pensamentos e respondeu:

- Eu só estou procurando uma chave! Mas não estou achando!

Ela estava mexendo em todas as gavetas com a liberdade de quem mexe na penteadeira de sua casa! Bizarro! Ela continuou falando:

- Só um minuto que eu vou chamar alguém para te atender: Ô Seu #$@-& (Desculpem, nome impronunciável!) ?!

E eis que surge de uma porta localizada atrás da recepção um senhor, penso que descendente de chineses, gordo, despenteado, fumando, sem camisa e com uma puta de uma cicatriz na barriga.

"Voltei para o inferno!"

Ele olha pra mim e diz:

- %&#@»...

Não, ele não deve ser descendente de chineses, ele deve ser Chinês! Olhei para a moça que ainda estava na recepção e fiz cara de indignado. Ela respondeu:

- Ele é o dono, não fala português, o Seu #$@-& esta vindo logo ali!

Bom, o dono pode até ser um escroto, mas pelo menos o Seu #$@-& era uma figura bem menos animalesca! Ele se aproxima e me pergunta:

- O senhô qué um quato?

"Não não!"
pensei.

- Quero sim!

- São qualenta reais antes de subi!

- Ok, posso ver o quarto antes?

- Não, o senhô paga pimero!

"Eu tenho que pagar para ver o quarto?! MEU DEUS! Que lugar é esse?!"

Uma puta chuva lá fora acabará de começar! Fiquei sem muitas opções!

"Se eu fizer muitas perguntas, provavelmente vou ficar com medo de ficar aqui!"

Portanto, não fiz mais perguntas e fiquei por lá mesmo! Paguei a diária e subi para o quarto!

"Estou em um pulgueiro!"
Sim, eu estou e é o que justifica o título do conto!

Cortinas feitas de lençol velho! Televisão queimada, manchas estranhas nas paredes e chão. Baratas, penso que muitas, pois logo que entrei vi 2 em fuga! O banheiro! MEU DEUS o banheiro! Nada direi, vejam a foto! O mesmo à respeito da bela paisagem que se via da janela.

Abaixo duas fotos do local: Linda paisagem e banheiro!




Vou ter que parar por aqui! Me deu asco pensar novamente naquele quarto!!! Mas se vocês querem saber o que aquela mulher estava fazendo na recepção uniformizada e conhecerem mais algumas figuras bizarras acompanhem amanhã, ou hoje ainda, sei lá! Quando me der na telha a continuação desta saga! Abraço!

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